sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Reginaldo Rossi, um showman que cantava na língua do povo!

Alguns anos atrás, Reginaldo Rossi esteve no quadro Homenagem ao Artista do Programa do Raul Gil. Bastante emocionado, após ouvir depoimentos de familiares, fãs e amigos, ele disse que as coisas materiais não são essenciais na vida. “Todo mundo morre. Ninguém leva nada”. Pois é...

Quando ouvi Reginaldo Rossi pela primeira vez, ainda adolescente, eu era fã de Caetano Veloso. Em pouco tempo, meu irmão mais velho começou a tirar onda comigo. Ele dizia que o baiano estava muito chateado, pois nunca mais eu havia escutado um cd dele.

É que eu já havia sido contaminado pelo poderoso vírus do brega. No chuveiro, só cantava “A Raposa e as Uvas”, “Mon Amour, meu bem, ma Femme” e outros grandes sucessos do Rei do Brega.

Em 2000, fui a um show de Reginaldo Rossi no Recanto do Garcia, em Parnamirim (RN). No final do show, disse pra ele que sabia cantar Garçom em inglês. Então ele anunciou um corno americano e passou o microfone pra mim. Cantei bem desafinado, mas fui bastante aplaudido!

Pouco tempo depois, decidi escrever um conto inspirado na música Garçom, cujo refrão diz “saiba que o meu grande amor hoje vai se casar, mandou uma carta pra me avisar, deixou em pedaços o meu coração”. Nos shows, Reginaldo Rossi instiga a plateia a descobrir o conteúdo da carta. Então eu mesmo escrevi uma carta fictícia e a coloquei num conto. Foi um sucesso que deu origem ao meu livro Contos Bregas.

E, por falar em livro, uma leitura obrigatória para os fãs do Rei do Brega é Reginaldo Rossi, o Fenômeno, uma biografia do cantor escrita pelo jornalista Wilde Portela. Nela, há histórias muito divertidas, como no dia em que um cover do cantor se passou pelo Rossi verdadeiro e entrou no quarto do hotel antes dele. Eles iam fazer um show juntos. Quando o Rossi original chegou ao hotel, teve que tirar o cover de lá, mas parece que o cara já tinha bebido metade da garrafa de uísque.

E vocês sabiam que já fizeram um disco em tributo ao Rei? Reginaldo Rossi – Um Tributo traz lindas versões dos principais sucessos de Rossi, interpretadas por artistas de várias procedências, como Lenine, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e muitos outros.

Para terminar, deixo com vocês alguns versos do poema Evocação do Recife, de Manoel Bandeira, que serviu de epígrafe da biografia de Reginaldo Rossi: “A vida não me chega pelos jornais nem pelos livros/ Vinha da boca do povo na língua errada do povo/ Língua certa do povo/ Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil”.

Reginaldo Rossi, tai um showman que sabia cantar e falar na língua do povo. O Brasil sentirá sua falta!
5 Thiago de Góes: Reginaldo Rossi, um showman que cantava na língua do povo! Alguns anos atrás, Reginaldo Rossi esteve no quadro Homenagem ao Artista do Programa do Raul Gil. Bastante emocionado, após ouvir depoimento...

Um comentário :

  1. Muito legal o texto. Engraçado que nunca fui uma fã do cantor, nunca assisti a um show ou comprei um CD, não sabia quase nada de Reginaldo Ross, mas parava na frente da TV sempre que ele aparecia, achava uma figura do bem e gostava daquele ser humano engraçado. Realmente ele faz falta.

    ResponderExcluir