domingo, 2 de março de 2014

E agora, José? E, agora, eu vou lá!

Nenhuma poema representa melhor a falta de esperança do que "E agora, José?", de Carlos Drummond de Andrade, lindamente musicado por Paulo Diniz. A poesia da letra é bela, mas sua ideia é desesperadora. Por isso, resolvi fazer uma paródia, com uma letra otimista, pra cima! Com vocês, "E agora eu vou lá". Cantem comigo!

 E agora, José? E agora eu vou lá
          A festa acabou, na terra da luz
          a luz apagou, eu vou enxergar
          o povo sumiu, o amor de Jesus
          a noite esfriou, em tudo o que há
          e agora, José? e agora eu vou lá
          e agora, você? E agora eu vou lá
          você que é sem nome, Vou matar a fome
          que zomba dos outros, do meu coração
          você que faz versos, chamar pelo nome
          que ama, protesta? o amigo Perdão
          e agora, José?e agora eu vou lá
          Está sem mulher, vou andar com fé
          está sem discurso, não vou duvidar
          está sem carinho, deste céu de luz
          já não pode beber, e da flor que virá
          já não pode fumar, já pode florescer
          cuspir já não pode, murchar não dá mais
          a noite esfriou, ela desabrochou
          o dia não veio, no sonho da paz
          o bonde não veio, o grão de centeio
          o riso não veio no meio da gente
          não veio a utopia será nosso pão
          e tudo acabou de cada dia
          e tudo fugiu de cada João
          e tudo mofou, de cada Maria
          e agora, José?e agora eu vou lá
          Sua doce palavra, o arrependimento
          seu instante de febre, não mata nem fere
          sua gula e jejum, alegre daquele
          sua biblioteca, que reconhece
          sua lavra de ouro, os erros de outrora
          seu terno de vidro, para corrigí-los
          sua incoerência, para superá-los
          seu ódio - e agora?a partir de agora
          Com a chave na mão Deus no coração
          quer abrir a porta, nada mais importa
          não existe porta; tudo me conforta
          quer morrer no mar, vou pra nosso lar
          mas o mar secou; nosso lar cresceu
          quer ir para Minas, quero reformá-lo
          Minas não há mais. quero povoá-lo
          José, e agora?eu quero agora
          Se você gritasse, Se já fiz gritar
          se você gemesse, Se já fiz gemer
          se você tocasse Se já espalhei
          a valsa vienense, a dor do meu viver
          se você dormisse, Se já magoei
          se você cansasse, Se já desisti
          se você morresse... Se eu já morrí
          Mas você não morre, Então vou renascer
          você é duro, José!bem melhor do que fui
          Sozinho no escuro Com fé no futuro
          qual bicho-do-mato, eu sigo e resgato
          sem teogonia, os erros que um dia
          sem parede nua já fiz na vida
          para se encostar, pra me enganar
          sem cavalo preto num cavalo branco
          que fuja a galope, que voa com asas
          você marcha, José! eu vou para sempre
          José, para onde?Pra sempre eu vou
5 Thiago de Góes: E agora, José? E, agora, eu vou lá! Nenhuma poema representa melhor a falta de esperança do que "E agora, José?", de Carlos Drummond de Andrade, lindamente musicado p...

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