quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Reflexões sobre a sofrência do povo brasileiro

Não me lembro quem disse que o brasileiro é, sobretudo, triste! Parece que foi num encarte de uma coletânea de músicas bregas. Tava lá escrito: o brasileiro é triste! É uma frase forte e realmente difícil de acreditar, pois temos todos contato com a noção da alegria brasileira, reforçada pelas coloridas alegorias do carnaval e pelos criativos dribles do nosso futebol arte (não este do 7 a 1, claro).

Há uma ideia que o povo daqui é acolhedor, simpático, gentil, desinibido e essa imagem do jeitinho brasileiro não combina com tristeza. Seria esta alegria toda apenas uma bonita máscara que esconde toda a nossa melancolia tupiniquim? Nossa alegria é triste? Ou nossa tristeza é que é alegre?

A discussão vem à tona agora que desponta nas paradas do sucesso as músicas de um cantor romântico capaz de despertar estranhas nostalgias em quase todos os ouvintes. Ao menos assim confessam paródias bem humoradas na Internet, que parecem provar a fina fronteira que existe entre o riso e o choro.

Em pouco tempo, Pablo do Arrocha (este seu nome artístico) virou Pablo da Sofrência! Assim lhe batizaram os milhares de fãs que lotam seus shows. No twitter, li uns posts que explicam a mudança com o seguinte argumento: cantar para sofredores dá mais dinheiro! Outro complementou: o público-alvo é bem maior!

O interessante do neologismo "sofrência" é que o sufixo dá um caráter de permanência ao ato de sofrer. Parece uma coisa que se prolonga no tempo. Ou seja: não é um sofrimento ocasional. Aliás, não teria sido outro brasileiro famoso que teria vaticinado com sua voz: "tristeza não tem fim, felicidade sim"?

É, amigos. Parece mesmo que a sofrência está no âmago da brasilidade, seja ela o que realmente for. Parodiando aquele nosso amigo escritor, parece-me que o brasileiro é, antes de tudo, um forte admirador da sofrência. Para o bem e para o mal!
5 Thiago de Góes: Reflexões sobre a sofrência do povo brasileiro Não me lembro quem disse que o brasileiro é, sobretudo, triste! Parece que foi num encarte de uma coletânea de músicas bregas. Tava lá esc...

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